27 desafios

511 recomendações

Desafio 7

Tirar partido da criatividade, mobilidade e participação da juventude

A juventude é uma etapa do percurso individual e um elo entre gerações.
Por isso, a participação cívica ativa e independente dos jovens adultos é determinante para o desenvolvimento de uma sociedade económica e socialmente desenvolvida, seja através do associativismo, do voluntariado ou da formação cívica escolar numa lógica de aprendizagem ao longo da vida.
No entanto, com o alargamento dos ciclos de estudo das novas gerações, a par da entrada cada vez mais tardia no mercado de trabalho, com consequências na noção de carreira, assim como os novos interesses e motivações dos jovens, temos assistido ao fenómeno da dilatação no tempo do conceito de juventude.

De facto, as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e a instabilidade do emprego limitam a construção de um projeto de vida sustentado na confiança de uma melhoria contínua das suas vidas, criando dificuldades no acesso à habitação, em muitos casos fator fundamental de emancipação e da consagração das expectativas de milhares de jovens.

Por isso, o conceito de juventude, outrora geracional, é hoje partilhado não apenas com base em conceções etárias, mas cada vez mais identificável com um conjunto de preceitos que caracterizam todo um novo grupo social, e que partilha, essencialmente, um conjunto de preocupações: a procura de oportunidades para gerir as suas próprias vidas e ter condições para tomar decisões autónomas e devolver ao seu país as aprendizagens que o próprio Estado financiou (proporcionou). É necessário criar as condições para que se reconheça e concretize a importância da emancipação dos jovens.

Acresce que o envelhecimento das sociedades europeias conduz necessariamente a uma intensificação do fenómeno migratório, para compensar o défice demográfico.

Um terço da população jovem mundial encontra-se nos países em vias de desenvolvimento e há múltiplos fatores que estimulam a sua saída para outros países mais prósperos.

Mas importa recordar que Portugal dispõe de uma geração cada vez mais qualificada e empreendedora e o seu contributo será vital na superação dos nossos obstáculos estruturais e na reestruturação da economia.

Mas essa mesma geração precisa de encontrar esperança para o desamparo atual, desde logo nas Instituições em que sempre confiou para o seu bem-estar.

Ora, uma área em que o bem-estar dos jovens e da população em geral é expressiva é no desporto. Não obstante o seu papel integrador dos jovens na comunidade e em prol da sua estabilidade física e mental, em Portugal, estamos ainda longe de oferecer a todos aqueles que desejam fazer desporto condições públicas para cumprir tal desiderato.

De facto, o papel dos poderes públicos na área do desporto deve ser essencialmente complementar à ação dos movimentos desportivos, cabendo às federações desportivas o papel principal na condução dos assuntos desportivos.

Assim, são estas as principais recomendações:

  • Reforçar o associativismo juvenil, a participação cívica e a intervenção social
  • Promover o empreendedorismo jovem
  • Reforçar junto dos mais jovens os mecanismos de pertença e consciencialização global
  • Incentivar o enraizamento de hábitos de prática desportiva
  • Envolver o movimento associativo na dinamização da política de desporto

Orientações Estratégicas

RECOMENDAÇÕES

  • Promover a participação associativa e contratualizar com as organizações de juventude a prestação de serviços atualmente realizados pelo Estado.
  • Reconhecer e valorizar as actividades de voluntariado e cidadania, designadamente no acesso ao ensino superior e mercado de trabalho.
  • Introduzir dinâmicas de educação não formal no ensino formal de Educação para a Cidadania e reforçar as componentes de formação cívica em todos os níveis de ensino.
  • Assegurar, no âmbito de uma entidade independente sedeada na Assembleia da República (uma espécie de provedor das novas gerações), a avaliação do impacto geracional de políticas públicas que possam comprometer as novas gerações.

RECOMENDAÇÕES

  • Estimular a criatividade e interesse pelo empreendedorismo dos jovens e criar um programa de empreendedorismo jovem com benefícios fiscais para a criação de hubs ou start-up e benefícios fiscais para jovens até 35 anos ou desempregados de longo curso.
  • Reconhecer o voluntariado como política ativa de juventude através da formalização de horas de voluntariado no currículo EUROPASS e da contabilização de horas numa base de dados nacional de voluntariado.

RECOMENDAÇÕES

  • Associar aos projetos de mobilidade (académica, empresarial, ou outro) uma componente de informação sobre as relações entre os países de chegada e Portugal.
  • Assegurar a cooperação entre as representações diplomáticas e as instituições de mobilidade académica, associativa ou empresarial de jovens.
  • Reforçar a cooperação jovem no âmbito da CPLP, promovendo uma cultura de partilha e troca de experiências entre jovens líderes da CPLP.
  • Mobilizar a diáspora portuguesa para a criação de mecanismos de cooperação entre Portugal e os países da CPLP.

RECOMENDAÇÕES

  • Promover a formação para modos de vida saudável, através de projetos de parceria entre as organizações da sociedade civil e o Estado.
  • Construir espaços de circulação pedonal e de transporte cíclico disseminados por todas as áreas urbanas e com ligação a áreas escolares.
  • Entender o mar, rios e lagos naturais ou artificiais como espaços fundamentais do território nacional, e cujo sustentável usufruto desportivo deve ser estimulado tanto quanto o usufruto social e económico.
  • Criar um quadro competitivo para o desporto escolar, concedendo nas escolas mais tempo e mais espaço físico para atividades desportivas extracurriculares regulares e sistemáticas.

RECOMENDAÇÕES

  • Valorizar o conhecimento, a cultura empreendedora e a inovação associadas ao desporto, constituindo uma única entidade pública para apoio ao Desporto.
  • Afirmar a Administração Pública para o Desporto como entidade pró-ativa, prestadora de serviços, designadamente junto das Federações Desportivas, Clubes e Câmaras Municipais.
  • Envolver a Administração Pública para o Desporto na produção de instrumentos que agilizem o cumprimento dos desígnios de intervenção social das federações, clubes e Câmaras Municipais junto das comunidades locais.
  • Integrar os grupos e equipas desportivas e de praticantes individuais das escolas no movimento desportivo associativo, através da criação de um quadro competitivo próprio.
  • Assegurar que se aplica sistematicamente o artigo 13º, nº 1 – alínea a), do Decreto-Lei nº 248-B/2008, de 31 de dezembro, que determina que “as Federações Desportivas têm direito, para além de outros que resultem da lei, (…) à participação na definição da política desportiva nacional”.