Reconstruir, Reinventar, Reformar
Portugal vive um momento decisivo para as presentes e para as futuras gerações, e a PCS assume, tal como o fez no arranque do resgate económico-financeiro – momento que marcou a nossa fundação, em 2011, e que inspirou um amplo movimento em torno da nossa “Visão pós-troika” – a responsabilidade de contribuir para a investigação, o desenho e o debate de soluções que permitam libertar plenamente o potencial de crescimento sustentável de Portugal.
Nunca deixámos, aliás, de o fazer nos últimos 9 anos, como se pode comprovar pela longa lista de relatórios e de projetos de investigação – “Uma Visão pós-troika”, “Contrato para o Crescimento Sustentável”, “Como potenciar a retoma da Economia”, “Vencer o desafio da mobilidade elétrica”, “Manifesto para um Estado Moderno”, “Portugal e o Desafio Europeu”, “Games Changers – Surfing the Wave of Technology Disruption”, “(re)Birth: Demographic changes and societal implications”, “Reshaping Schools for a T-World” – mas o desafio, hoje, é de outra ordem de grandeza e exige uma maior mobilização de todos os membros da PCS.
Precisamos de uma resposta política que não se limite a restaurar os danos provocados pela crise pandémica. Precisamos de uma resposta que vá mais longe e que
- enfrente os outros problemas estruturais que nos impedem de crescer há décadas;
- que enfrente as outras crises e desafios globais, nomeadamente, as alterações climáticas;
- e que não limite a estratégia de recuperação económica e social ao mero financiamento, esquecendo o valor decisivo das reformas políticas.
Há vários caminhos para o crescimento, mas nem todos são sustentáveis. O que está em causa é a capacidade de liderar respostas que assegurem a sustentabilidade económica, social, financeira e ambiental do crescimento. A estratégia de crescimento terá de assentar em reformas estruturais, responsabilidade orçamental e investimento produtivo e seletivo. Sendo que, tal como temos defendido desde 2011, a construção dessa nova visão de crescimento sustentável envolve, necessariamente, novos conceitos, novas ruturas e novos compromissos.
Por maior que seja a tendência para, infelizmente, limitar a visão estratégica pós-Covid a uma mera corrida aos fundos europeus, não é aceitável que se caia nesse equívoco. O financiamento é condição necessária na fase de transição, mas não é condição suficiente para o crescimento sustentável; as reformas políticas e a cidadania são decisivas.
Assim, no desenho da estratégia pós-Covid19 não nos podemos limitar a recomeçar (como se o caminho que vínhamos trilhando fosse sustentável): temos de começar de novo. Precisamos de Reconstruir, Reinventar e Reformar.
Este é precisamente o mote do novo Ciclo de Debates da PCS e de um projeto de investigação – “RECONSTRUIR, REINVENTAR, REFORMAR”.
Mais do que formulações vagas ou avulsas sobre novas orientações estratégicas – mais motivadas pela necessidade de rapidamente definir critérios para desenhar fundos de emergência do que pela imprescindibilidade de assumir transformações estruturais – Portugal precisa de responder a 3 questões decisivas:
Onde queremos chegar? Como medir o impacto e progresso? Como queremos lá chegar
Nesse sentido, é fundamental definir alinhar todos os instrumentos de política – reformas, parcerias, investimento, instituições e I&D – com um núcleo Missões criticas que devem obedecer a um conjunto de requisitos:
- Aspiracionais e com relevância societal;
- Traduzidas em metas, calendários e objetivos, com metodologias de medição associadas;
- Inspirar ações ambiciosas mas realistas;
- Assumir natureza multidisciplinar, multisetorial e multistakeholder
- Alcançáveis através de múltiplas soluções
O projeto será desenvolvido, em 2020/21, a partir de 9 Estruturas de Missão (EM), lideradas por 2 a 4 coordenadores (oriundos da Direção e do Conselho para os Assuntos Europeus e Internacionais), e a participação nas EM será aberta a todos os associados da PCS. O Conselho Consultivo e o Conselho Científico serão envolvidos no aconselhamento sobre as grandes orientações estratégicas do projeto.
Leia aqui artigo publicado no jornal Expresso pelo Presidente da PCS
https://expresso.pt/opiniao/2020-11-12-Recomecar-ou-comecar-de-novo