27 desafios
511 recomendações
Desafio 26
Contribuir para uma globalização inclusiva e sustentável
Na próxima década, a ordem internacional deverá levar a cabo transformações substanciais no sistema político, económico e institucional de governança, a fim de incorporar nos órgãos decisórios os novos atores económicos globais e de refletir os novos equilíbrios de poder que se formarão no advento da nova ordem económica, surgida após a crise financeira e económica mundial, para que possam ser encontrados novos consensos e respostas adequadas aos desafios globais.
Nesse sentido, é previsível que as Nações Unidas levem a cabo reformas profundas, na configuração dos seus órgãos de governo e especialmente na sua composição.
Uma vez mais, a razão será a necessidade de incorporar, nos seus órgãos de governo, os novos atores globais para reforçar a sua representatividade e eficácia na gestão dos desafios globais e manter relevância internacional.
É também previsível que haja uma integração entre os atuais fora de gestão da economia global (e.g., G20 – Grupo dos vinte, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo e pela União Europeia; G8 – Grupo dos oito, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia; G2 – Grupo dos dois, grupo informalmente composto pelos Estados Unidos da América e a China; BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; IBAS – Fórum de Diálogo; ASEAN – Associação de Nações do Sudeste Asiático), refletindo a nova realidade geo-económica onde, ao lado dos atores tradicionais, surgem novos atores da economia global, desejosos de exercer a sua influência na organização e gestão dos desafios económicos globais.
Impõe-se a participação ativa e construtiva de Portugal nas organizações internacionais a que pertence, em especial nas de maior importância para a defesa e promoção dos valores que presidem à Ordem Internacional assim como para a valorização dos interesses nacionais no contexto internacional.
Como objetivo relevante, neste âmbito, Portugal deve desenvolver uma política ativa de colocação e acompanhamento das carreiras de portugueses nas organizações internacionais.
Neste contexto defendemos a seguinte orientação estratégica e recomendações:
- Reforço do papel de Portugal nas organizações multilaterais
Orientações Estratégicas
RECOMENDAÇÕES
- Participar ativamente na reforma das Nações Unidas e das instituições multilaterais, que crie as condições para uma globalização inclusiva e sustentável, que dê uma resposta, multilateral, à crise climática, à pobreza extrema e à volatilidade do preço das matérias-primas.
- Contribuir ativamente para o reforço da missão e poderes das Nações Unidas, assim como para o seu processo de reforma, em especial do Conselho de Segurança, no sentido da reformulação da sua representatividade e da garantia de maior efetividade das suas ações e de acrescida transparência dos processos de decisão.
- Procurar ativamente que a língua portuguesa seja considerada língua oficial das Nações Unidas.
- Promover o reforço da “maritimidade” da OTAN que lhe acrescenta sentido e razão de ser e que é de evidente interesse nacional. Ainda neste contexto, Portugal deve assegurar especial relevância às suas relações privilegiadas com os Estados Membros da CPLP.
- Reforçar a participação de Portugal na Comunidade Ibero-americana nos aspetos económicos e culturais. Em particular, deverá ser elaborada uma estratégia de parceria para a promoção e defesa de interesses conjuntos tendo como eixos prioritários a promoção das línguas portuguesa e castelhana, as trocas comerciais e o turismo, a livre circulação de estudantes e professores, bem como a investigação no âmbito universitário. É de particular relevância que tal parceria possa ser alargada aos países de língua oficial portuguesa, através da CPLP. As relações triangulares entre a América Latina, a Europa e África poderão constituir um enquadramento adequado para o estabelecimento e desenvolvimento dessa parceria estratégica.
- Concretizar uma política sistemática de colocação de portugueses nas Nações Unidas e nas instituições multilaterais, em especial nas áreas e nos postos de maior relevância para os interesses nacionais, e estimular a participação de empresas e entidades nacionais nos programas e fundos de financiamento daquelas instituições.